terça-feira, 9 de novembro de 2010

               Antecedentes: o forte holandês

Foi iniciado, a partir de Maio de 1631, como uma fortificação de campanha, por forças holandesas (BARRETTO, 1958:133), sob o comando de Steyn Callenfels, tendo recebido a denominação de Forte Orange, em homenagem à Casa de Orange-Nassau, que então governava os Países Baixos.
Em faxina e taipa, ficou guarnecido por um destacamento de 366 homens sob o comando do capitão polonês Crestofle d'Artischau Arciszewski. Este efetivo resistiu ao ataque das forças portuguesas comandadas pelo conde de Bagnoli que, derrotado (1632), se retirou abandonando a sua artilharia: quatro peças de bronze trazidas do Arraial Velho do Bom Jesus. Esta posição serviu de base para a conquista da ilha de Itamaracá, defendida pelas forças de Salvador Pinheiro. Após essa conquista (1633), o forte foi reparado e ampliado.
Sobre esta estrutura, Maurício de Nassau reportou:
"(...) Dentro da barra [da ilha de Itamaracá] apresenta-se em primeiro lugar o forte Orange, situado sobre um baixo de areia separado de terra firme por uma angra, que é vadeável de baixa-mar. Este forte domina a entrada do porto, visto que como os navios que entram têm que passar por diante dele a tiro de arcabuz. É quadrado, com quatro baluartes [nos vértices], e ultimamente foi elevado e reparado, mas quase não tem fossos, nem estacada ou paliçada, o que é necessário que se faça, bem como convém aprofundar o fosso e cercar o lado exterior com uma contra-escarpa. Diante deste forte, do lado do Norte, por onde o inimigo pode se aproximar, há um hornaveque." (NASSAU, Maurício de. Breve Discurso. 14 de Janeiro de 1638.)
Essa descrição é complementada pela de van der Dussen, que lhe atribui duas companhias, com um efetivo de 182 homens:
"(...) o forte Orange, na entrada sul do canal, que é o principal porto da Ilha [de Itamaracá]. É um forte quadrangular com 4 baluartes, elevado, tendo em certo trecho um fosso, mas pouco profundo e seco; está cercado por uma forte estacada. Aí estão 12 peças, a saber: 6 de bronze e 6 de ferro. As de bronze são: 1 de 26 libras, 1 de 18 lb, 3 de 12 lb e 1 de 6 lb; as de ferro são: 2 de 5 lb e 4 de 4 lb." (Adriaen van der Dussen. Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil. 4 de Abril de 1640.)
BARLÉU (1974) transcreve a informação:
"(...) o [forte] de Orange, na boca meridional do porto. Tem quatro bastiões e é cercado de uma estacada, por falta de água nos fossos. Está armado de 12 canhões, 6 de bronze e 6 de ferro." (op. cit, p. 143) Atribui-lhe o mesmo efetivo de 182 homens (op. cit., p. 146). Com relação à estacada, foi esta determinada por Nassau na iminência do ataque de uma frota espanhola ao nordeste holandês (c. 1639): "(...) Protegeu Maurício também o forte de Orange, na ilha de Itamaracá, cingindo-o de estacada (...)." (op. cit., p. 159).
De acordo com BENTO (1971), quando da contra-ofensiva portuguesa à ilha da Itamaracá, em Junho de 1646, pelas forças combinadas do Mestre-de-Campo André Vidal de Negreiros (1606-80) e do Mestre-de-Campo João Fernandes Vieira (1602-81), o Sargento-mor Antônio Dias Cardoso foi o encarregado de atacar e arrasar as fortificações holandesas, o que foi cumprido, apresando dezoito peças de artilharia, e organizando redutos fronteiros à ilha com algumas dessas peças.
Embora não esteja claro se este forte em particular foi conquistado ou não, na ocasião sofreu pesados estragos, tendo sido reconstruído a partir de 1649

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